argumento
A Comédia Aulegrafia, como o seu próprio nome indica, inspira-se na vida da Corte. Textualmente quer dizer escrita sobre o paço, sendo “hum largo discurso da cortesania vulgar” que pretende mostrar “ao olho o rascunho da vida cortesã, representada per corrente e aprazível estilo”. Nela se fala das intrigas amorosas do paço real, do vício da aderência, tendo como pano de fundo a fuga dos homens para a Índia. Uma comédia “em que vereis uma pintura que fala”, nas palavras de Jorge Ferreira de Vasconcelos. Uma caracterização da sociedade feita pelo cómico.
O argumento desta intriga palaciana da Lisboa quinhentista é de grande simplicidade. Como nos diz o autor no prólogo, “Grasidel de Abreu amante servidor de Filomela” inesperadamente, vê-se abandonado e depois trocado por um outro servidor que goza dos favores da cortesã Aulegrafia.
No enredo desta história/fábula tudo começa e acaba com a acção da Aulegrafia. Desde o início da comédia que os dados estão lançados por ela. Impressiona ver uma personagem com um projecto de intriga tão inexorável como a que tem a personagem Aulegrafia. A propósito desta figura, Isabel Almeida adverte que não estamos perante uma alcoviteira típica. Esta Aulegrafia “sabe mays cautelas que hum Legista, pode ler as leys do Paço como Bartolo”, destoando completamente da “velha plebeia concebida por Fernando de Rojas”.
Aulegrafia gere a sua intriga com maldade e, embora a motivação pareça ser o dinheiro e a cobiça, como vai sendo dito ao longo da comédia, desconfiamos que haverá outras razões, como a inveja e o ódio à felicidade dos outros. Embora o contexto social seja diferente, como diferentes são as razões e as consequências, a intriga que Iago executa em Otelo de Shakespeare remetem-nos para esta personagem. Também aqui a mentira leva à destruição. Em Otelo a mentira provoca o ciúme, e o ciúme de Otelo provoca a morte de Desdémona. No caso da Comedia Aulegrafia, a mentira de Aulegrafia provoca a ruptura e a morte do amor de Filomela por Grasidel “Sinta cada hum sua perda, & calese com ella, que eu assi o farey, segura de me arrepender”. Um tom que por vezes pouco tem de comédia.
O argumento desta intriga palaciana da Lisboa quinhentista é de grande simplicidade. Como nos diz o autor no prólogo, “Grasidel de Abreu amante servidor de Filomela” inesperadamente, vê-se abandonado e depois trocado por um outro servidor que goza dos favores da cortesã Aulegrafia.
No enredo desta história/fábula tudo começa e acaba com a acção da Aulegrafia. Desde o início da comédia que os dados estão lançados por ela. Impressiona ver uma personagem com um projecto de intriga tão inexorável como a que tem a personagem Aulegrafia. A propósito desta figura, Isabel Almeida adverte que não estamos perante uma alcoviteira típica. Esta Aulegrafia “sabe mays cautelas que hum Legista, pode ler as leys do Paço como Bartolo”, destoando completamente da “velha plebeia concebida por Fernando de Rojas”.
Aulegrafia gere a sua intriga com maldade e, embora a motivação pareça ser o dinheiro e a cobiça, como vai sendo dito ao longo da comédia, desconfiamos que haverá outras razões, como a inveja e o ódio à felicidade dos outros. Embora o contexto social seja diferente, como diferentes são as razões e as consequências, a intriga que Iago executa em Otelo de Shakespeare remetem-nos para esta personagem. Também aqui a mentira leva à destruição. Em Otelo a mentira provoca o ciúme, e o ciúme de Otelo provoca a morte de Desdémona. No caso da Comedia Aulegrafia, a mentira de Aulegrafia provoca a ruptura e a morte do amor de Filomela por Grasidel “Sinta cada hum sua perda, & calese com ella, que eu assi o farey, segura de me arrepender”. Um tom que por vezes pouco tem de comédia.